De farmácia ou de sangue: Entenda as diferenças entre os testes de gravidez

Testes de gravidez são um assunto rodeado por dúvidas tanto para aquelas que querem um filho quanto para as que estão evitando. Os exames medem a quantidade do mesmo hormônio: o HCG (gonadotrofina coriônica humana), presente na urina e no sangue de quem engravidou. Ele é o responsável por manter o embrião grudado no útero da mulher recebendo os nutrientes necessários para que a gravidez seja mantida. Apesar do mesmo indicador, estes testes são diferentes no seu mecanismo e, consequentemente, na sua assertividade.

Segundo Gustavo Maciel, ginecologista e obstetra do laboratório Fleury, uma das maiores diferenças é o modo como os testes detectam o hormônio. O exame de urina consiste em uma fita em que se coloca um anticorpo que reage quando ligado ao hCG. Na presença da substância, essa ligação forma uma faixa de outra cor, visível pouco depois do contato com o xixi.

Enquanto isso, o teste feito com o sangue da mulher requer uma análise laboratorial que usa uma técnica para medir e dosar apenas parte dessa molécula hormonal, o Beta HCG. Desta parte vem também o nome do exame. Na maioria dos laboratórios, o resultado pode ser conferido no mesmo dia.

Pode confiar?
O ginecologista explica que o teste de gravidez de farmácia é bom por ser específico, mas pode não detectar uma gravidez muito inicial. Em geral, o segundo risquinho só aparece quando o HCG está em uma concentração mais alta que 25 unidades por litro, enquanto os exames de sangue chegam a detectar até 2 unidades por litro.

Por isso, é possível obter um falso negativo com o exame de urina. Já o falso positivo é mais raro, e pode acontecer, por exemplo, quando a mulher deixa a urina em contato com a fita mais tempo que o recomendado.

O HCG começa a ser produzido no momento em que o zigoto, que é o resultado da fecundação, gruda na parede do útero. Sua concentração vai dobrando a cada dois dias até o quarto mês. O exame de sangue não é apenas qualitativo, mas também quantifica o HCG e pode responder em qual estágio a gestação está. Porém, saber sua dosagem não é o suficiente para dizer com exatidão o número de semanas da gravidez.

Isso porque a concentração do hormônio tem uma variação muito grande entre as mulheres e mesmo dentro de um intervalo de sete dias. De acordo com Gustavo, em uma gestação de seis semanas, por exemplo, o exame pode detectar de mil a 55 mil unidades por litro do hormônio. Entre sete e oito semanas, a quantidade pode variar entre 76 mil a 220 mil. Por isso, quem descobriu que está grávida já deve agendar a consulta com o obstetra que fará exames mais adequados para calcular as semanas de gestação e estimar a data de nascimento do bebê.

Casos raros
“Originalmente o beta-HCG é um marcador tumoral”, conta o ginecologista. O exame era utilizado para detectar alguns tipos de tumores e câncer, como o de ovário ou de testículo, que estimulam a produção desse hormônio. Assim, apesar de raros, há casos em que ele aparece no sangue sem haver uma gestação.

No caso de quem desenvolve gravidez psicológica, o HCG não é detectado no exame, mesmo se tratando de um distúrbio hormonal. “Ela é causada por uma alteração central. A pessoa com uma vontade muito grande de ficar grávida pode desencadear em seu corpo alguns sintomas parecidos com os de uma gravidez, como a interrupção da menstruação, o crescimento da barriga e a produção de leite nas mamas”, detalha Dr. Gustavo.

O ginecologista reforça que, em ambos os testes, um resultado positivo não significa que você será mãe. O HCG é o hormônio responsável por manter o embrião preso ao útero, mas nos primeiros meses é comum que essa união seja frágil. Portanto, é importante manter a calma, fazer o acompanhamento com o obstetra e esperar a gestação avançar para garantir com maior certeza a chegada do bebê.

Veiculado em 29 de março de 2018